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...bem vindo a porta que te levará a viajar comigo; que te fará meu companheiro(a) em cada nova aventura... e história nas antigas; venha, vamos juntos conhecer o mundo... Andarilho.

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Porto Velho , Rondônia, Brazil
...Motociclista aventureiro, apaixonado pela vida e pela liberdade... ...Andarilho autodidata em moto turismo; é otimista, prega e tem por objetivo, viver a vida intensamente com responsabilidade; preza pela direção defensiva e responsabilidade no trânsito, é disciplinado e adora desafios. Possui vasta experiência em viagens de curto, médio e longo alcance; e tem prazer em planejar, organizar e executar expedições, viagens e passeios; sempre muito bem acompanhado por sua fiel companheira "Sarita", sua Nx 350 Sahara 1999; manja da mecânica básica de motos e fala "portunhol" 🤣

sábado, 21 de março de 2020

Expedição Rondon 2019. Dia 21 de novembro, 5º dia/11ª Etapa. Parte da tarde.

Total do dia: 223 km.
Entre Rio Pardo e Ariquemes; segundo a rota da Expedição Rondon 11ª Etapa.
Hoje sairemos de Rio Pardo e conheceremos o Garimpo Bom Futuro, o Distrito Bom Futuro (Ibeza), a Vila São Geraldo (antigo Seringal Bom Jardim) no Massangana; onde existe uma grande história de fé e devoção, a um "santo" totalmente rondoniense, e ainda pouco conhecido; São Geraldo Seringueiro. Conheceremos também uma ponte construída por Flodoaldo Pontes Pinto ainda na década de 1960 no Massangana, para a extração da borracha e minérios em geral; bem como a Vila Massangana.

Comunidade São Geraldo - Vila São Geraldo no Massangana.

Nossa rota de hoje, entre Rio Pardo e Ariquemes.
Circulado de amarelo está o Garimpo Bom Futuro, e de verde o Garimpo Massangana.

Em branco a área da 11ª e última etapa da Expedição Rondon.

Em branco, o que falta para fecharmos o Estado de Rondônia de moto.

Expedição Rondon; conhecendo e mostrando Rondônia, de um jeito nunca visto antes!

Hoje na parte da manhã (postagem anterior) visitamos o Garimpo Bom Futuro...
...agora a tarde seguiremos sentido Massangana; outro garimpo e região muito interessante; bora...

Estrada para o Massangana - Trevo conhecido como Boteco do Cosmo.

Estrada para o Massangana - Trevo conhecido como Boteco do Cosmo.

Estrada para o Massangana

Estrada para o Massangana

Vila São Geraldo (antigo Seringal Bom Jardim) - Monte Negro - RO.

Comunidade São Geraldo - onde em seu túmulo descansa São Geraldo Seringueiro.
Vila São Geraldo (antigo Bom Jardim) - Monte Negro - RO.

Para ver a localização desse importante local histórico-religioso aqui em Rondônia, clique aqui: Vila São Geraldo

Sendo recepcionados pelo Sr. Alcindinho; um homem quase centenário, muito lúcido, e que é o responsável por zelar do lugar de descanso do santo que ali repousa. Essa responsabilidade como também toda essa terra onde se encontra a igreja, foi lhe passada e atribuída por Flodoaldo Pontes Pinto (antigo proprietário desse lugar, o antigo Seringal Bom Jardim), ainda em vida. O Sr. Alcindinho é o guardião e uma testemunha viva dessa história do santo seringueiro, que contaremos daqui pra frente.

Grande Japa; companheiro e fotógrafo oficial da 11ª etapa... muito obrigado pela força meu irmão!
Comunidade São Geraldo

Comunidade São Geraldo

Comunidade São Geraldo - parte mais nova da igreja.
Ao fundo podemos notar a capela mais antiga; construída em 1960.

Capela mais antiga; construída em 1960; para guardar e proteger o túmulo de São Geraldo Seringueiro.

Túmulo de São Geraldo Seringueiro; dentro da capela mais antiga.

O Sr. Alcindinho me contando a história do santo seringueiro e mostrando cada objeto e lugar.
Túmulo de São Geraldo Seringueiro; dentro da capela mais antiga.

Oratório antigo da capela de São Geraldo Seringueiro.

Marcas de um arrombamento feito décadas atrás, por uma pessoa que queria roubar as ofertas... segundo a história, o criminoso pagou com a vida. Morreu afogado ao tentar cruzar a nado o Rio Jamari em sua fuga...

Sr. Alcindinho me contando a história do santo seringueiro, e também um pouco de sua própria vida de seringueiro, que foi.
A história de São Geraldo Seringueiro é muito interessante e bonita... vale a pena saber.

RESUMO DA HISTÓRIA
...nesse local onde hoje está a Comunidade de São Geraldo, no ano de 1875 já era um seringal; e ali moravam alguns seringueiros... entre eles o Geraldo;  que com um amigo dividiam o barraco há muito tempo; pois eram amigos desde que vieram juntos de Manaus. Durante a ausência do melhor amigo de Geraldo, por conta de uma viagem a Manaus... Geraldo adoeceu e acabou morrendo, sendo sepultado ali mesmo na barranca do rio, por alguns seringueiros da localidade. Imagina como não era essa região em 1875?!!? Quando o amigo de Geraldo retornou, ficou sabendo do ocorrido e foi até seu túmulo... sem ter muito o que fazer; enfiou um galho de um arbusto qualquer em cima de seu túmulo dizendo: me perdoe amigo, não tenho nada para colocar aqui (imagino que ele queria colocar flores ou acender uma vela ou candieiro); mas vou colocar o que tenho, que é apenas esse galho! Acontece que com o passar do tempo aquele pequeno galho brotou e virou uma pequena árvore... tempos depois o amigo de Geraldo ficou doente, passando muito mal... depois de buscar ajuda em Manaus por três vezes sem resultados; colheu algumas folhas e fez um chá; e como num milagre ficou bom da doença que o acometia. Dali pra frente o "Geraldo" começou fazer pequenos milagres e a ficar conhecido entre os seringueiros e o povo da região. Nessa época, diante de tantos acontecimentos bons, referidos à Geraldo; fizeram uma pequena cobertura de palha sobre seu túmulo; o que viria a ser a primeira capela do santo seringueiro.

Imagem: Edson Cavalari
...conforme o tempo passou, chegou na região um seringalista; o Sr. Flodoaldo Pontes Pinto; que comprou o Seringal Bom Jardim... local do túmulo de Geraldo. Com o passar do tempo e com a decadência da borracha; Flodoaldo Pontes Pinto se viu em dificuldades, e apelou para o santo, que até então conhecia, mas não acreditava tanto... e fez essa promessa em segredo: "Geraldo, se você me ajudar a encontrar minério aqui nessa terra, onde a borracha não tem mais valor; farei uma capela de tijolo e um túmulo decente para você... bem como outras melhorias e benfeitorias para nossa região longínqua e esquecida." Então novamente mandou chamar um pesquisador de minérios, que tempos atrás havia feito algumas pesquisas ali, a mando do Sr. Flodoaldo; sem sucesso é claro; para que novamente pesquisasse o solo das suas terras... e eis que dessa vez obteve sucesso; encontrando vários tipos de minérios, como a cassiterita, ouro, topázio... Então Flodoaldo Pontes Pinto, construiu a capela como prometido; além de fazer um grande barracão e uma ponte; ainda existentes até os dias de hoje. O Sr. Alcindinho era funcionário do Sr. Flodoaldo; e foi dele que herdou as terras e a missão de tomar conta da última morada do santo seringueiro; São Geraldo Seringueiro, como ficou conhecido após seus feitos milagrosos. Todo ano no dia 16 de outubro, há festejo na comunidade... e o Sr. Alcindinho recebe muito bem os visitantes que lá chegam para esse momento de fé e devoção, ou simplesmente para uma visita. ...esse ano (2020) eu vou; se você também tiver interesse em ir, vamos nos comunicando.
História contada verbalmente pelo Sr. Alcindinho, para mim, Andarilho; no dia 21 de novembro de 2019. Possa ser que meu resumo contenha alguma falha, no tocante a datas exatas e outras informações mais específicas... mas a história de como surgiu o santo, é essa mesmo.

No final dessa postagem vou colocar o relato completo, que o Sr. Alcindinho fez em 2015 para o Prof. Edson Cavalari; presente no documento abaixo.

Para obter um relato mais conciso e detalhado; aconselho você a pesquisar o documento abaixo na internet. ⇓

Se você tiver interesse em saber mais; baixe essa Dissertação de Mestrado e Pós Graduação em Geografia de Edson Cavalari - UNIR Porto Velho 2017. Documento muito bem feito e elaborado; parabéns Professor Edson Cavalari pelo feito!
Clique aqui e acesse o documento: São Geraldo Seringueiro

No início dessa postagem escrevi: "um santo totalmente rondoniense". Rondoniense, por conta do território onde se dá o ocorrido, e onde seus feitos até hoje são observados ou contados... porque se observarmos o ano de sua morte, 1875; ele devia ter chegado aqui pelo menos um pouco antes; e como já era adulto; não acredito que o mesmo tenha nascido aqui em Rondônia; creio que ele era amazonense, paraense ou nordestino... então ele (cidadão) não seria "totalmente rondoniense"; mas o santo em que ele se tornou sim.

O Sr. Alcindinho me contando a história de São Geraldo Seringueiro e do antigo Seringal Bom Jardim.

Vila São Geraldo (antigo Seringal Bom Jardim) - Monte Negro - RO.

Comunidade São Geraldo

Comunidade São Geraldo - em segundo plano a lateral da capela mais antiga; hoje embutida na igreja mais nova.

 Vista lateral da capela mais antiga e ao fundo o Rio Massangana.

Barracão de festa da Comunidade São Geraldo.
Vila São Geraldo - Monte Negro - RO.

Campo de futebol da Comunidade São Geraldo.
Vila São Geraldo - Monte Negro - RO.

Comunidade São Geraldo - Vila São Geraldo - Monte Negro - RO.

Comunidade São Geraldo - Vila São Geraldo - Monte Negro - RO.

Comunidade São Geraldo - Vila São Geraldo - Monte Negro - RO.

...depois de agradecer imensamente o Sr. Alcindinho pela atenção dispensada a nós; nos despedimos e seguimos sentido à Vila Massangana...

Depois de rodar apenas 1,5 km a partir da Vila São Geraldo, chegamos a ponte construída por Flodoaldo Pontes Pinto na década de 1960; como parte do pagamento da promessa a São Geraldo Seringueiro.

Ponte construída por Flodoaldo Pontes Pinto na década de 1960...

...ainda em funcionamento; apesar de faltar uma parte original.

Se a gente vier pela estrada sem saber da história e da exata localização dessa ponte; você não a verá... porque de cima simplesmente não dá para ver nada de sua estrutura colonial antiga; passa batido mesmo. De cima se parece com qualquer outra ponte de madeira, comum aqui na região.
Localização da ponte no mapa: Ponte do Massangana

Da ponte antiga seguimos serpenteando a região do Massangana, até chegarmos no Ranário Santa Luzia; onde se criam rãs para abate e corte. Lugar muito interessante.

De acordo com a proprietária, que nos mostrou o ranário e tirou nossas dúvidas; tudo começa aqui; no motel! ...isso mesmo: motel de rã!

Motel das rãs... kkkkkkkk...

Depois do motel... vem os ovos...

...e dos ovos, os girinos de rã...

...rãzinhas adolescentes kkkkkkkk...

E rãs adultas; prontas para o abate... hum delícia em!!?! kkkkkkkkk... ...mas é caro o quilo da rã viu!!! ...por isso comemos perereca, kkkkkkkkk... mais barato;
...e não é que o Japa pegou na rã mesmo; kkkkkkkkk...

Rãs adultas; prontas para o abate...
Obrigado ao Ranário Santa Luzia, próximo a Vila Massangana, pela oportunidade. Muito interessante.

Aqui mesmo na propriedade do ranário, eles tem um garimpo; faz parte do Garimpo Massangana; que não é um garimpo igual ao Bom Futuro, por exemplo. Aqui cada sitiante, tem seu pasto, seus bois, sua roça e também seu garimpo... o Garimpo Massangana se estende por uma grande região, e não é contínuo.

Garimpo Massangana - Monte Negro - RO.

Garimpo Massangana.

Garimpo Massangana.

Garimpo Massangana.

Aqui se garimpa ouro, topázio, cassiterita...
Garimpo Massangana.

Garimpo Massangana.

Garimpo Massangana.

Garimpo Massangana.

Garimpo Massangana.

Garimpo Massangana.

De volta a estrada sentido Vila Massangana.

Vila Massangana vista de longe na estrada.

Vila Massangana vista de longe.

Vila Massangana vista de longe.

Vila Massangana vista de longe.

Vila Massangana vista de longe. ...garimpeiros trampando, enquanto a gente acelera! kkkkkkkk...

Vila Massangana vista de longe.

Bora chegar na Vila Massangana então!

Bora...

Vila Massangana - Monte Negro - RO.

Barracão da CEMAL - Cooperativa Estanífera de Mineral Amazônia Legal. 
Vila Massangana - Monte Negro - RO.

Vila Massangana.

Vila Massangana - Monte Negro - RO.

Chegada da Vila Massangana, para quem vem de São Geraldo.

Vila Massangana - Monte Negro - RO.

Japa trocando umas ideias com a garotada da Vila Massangana.

Japa trocando umas ideias com a garotada da Vila Massangana.

Vila Massangana.

Vila Massangana.

Vila Massangana.

Vila Massangana.

Vila Massangana.

Vila Massangana - Monte Negro.

Vila Massangana.

Vila Massangana.

Chegando em Ariquemes encontrei um grande irmão motociclista das antigas, Marcelo Borges. Valeu Fio!!!

Depois passamos encher o saco do Pimpão; como sempre uma comédia; gente boa demais!!!

E por fim estacionamos na casa do Mamuti e Néia; nosso apoio em Ariquemes. Como sempre muito bem recepcionados aqui... conheço muitos outros irmãos que também ofereceram apoio; obrigado a todos pela força; mas dessa vez vamos ficar aqui com esse gordinho aventureiro kkkkkkkkk...

Mamuti e sua nave... essaí voa baixo!!! kkkkkkkkkk...

Visita dos irmãos aqui no Mamuti... obrigado aos irmãos pela visita... grande abraço Palito; grande aventureiro de Rondônia!

Grande recepção dos irmãos Falcões BR 364 MC de Ariquemes, sob o comando do grande irmão Ivoir.

A toda a equipe dos irmãos Falcões BR 364 MC de Ariquemes, o nosso muito obrigado pela calorosa recepção e jantar delicioso; sem dizer da Heineken gelada!!! kkkkkkkkk... ...é show papai!!! kkkkkkk...

Muito bate papo, regado a muito churrasco e cerveja gelada... foi bom demais!

Oportunidade em que conheci o Patonete ou Pato Roco; pessoalmente... um amigo para o resto da vida... gente finíssima;

E o Mamuti contando aquelas cabeludas kkkkkkkkkk... ...eu tinha que "acreditar"; senão dormia na rua, kkkkkkkkkk...

Muito bate papo, regado a muito churrasco e cerveja gelada... bom demais!

Grande recepção dos irmãos Falcões BR 364 MC de Ariquemes.

Palmito nos dando o ar da graça... valeu Palmito! TMJ

Noite inesquecível!!!
A todos os irmãos e irmãs Falcões BR 364 MC de Ariquemes, o nosso muito obrigado pela calorosa recepção e jantar delicioso; sem dizer da Heineken gelada!!! TMJ

Uma realização Andarilho Expedições!

Relato do Sr. Alcindinho para o Prof. Edson Cavalari (2015); de como surgiu o santo seringueiro; São Geraldo Seringueiro. ⇩⇩⇩
"A história do São Geraldo eu conto ela já por segundo, porque aqui não teve quem conhecesse ele. Então, tinha um cidadão aqui por nome Francisco de Paulo Ferreira, quando ele chegou aqui em 1902 ele conheceu um cidadão que conheceu ele. Ele é do século passado, 75 (1875). Então ele contava esta história dele. Contou e este velho decorou. Então quando eu cheguei aqui em 59 (1959), toda a vida eu fui, desde novo, fui uma pessoa que gostava de prestar atenção nas coisas, né? O camarada diz uma coisa e eu gosto de prestar atenção naquilo que o camarada contou. Então eu era menino novo neste tempo, tinha 29 anos, mas ele gostava de conversar comigo. Ele contava esta história. Geraldo era um cidadão, não passeava, segundo a história dele. Não passeava. Quando ele fosse a alguma parte é porque ele ia a negócio. A não ser a negócio ninguém via ele. São Geraldo no começo, foi um seringueiro, inclusive vieram em dois, companheiro de barraco, viajaram junto do Amazonas e continuaram a trabalhar juntos. Então, eles tinham uma mania e, neste tempo Porto Velho não existia, só Manaus. No ano que um ia para Manaus o outro ficava em casa. No outro ano o outro ia e o outro ficava. Então eles tinham aquele controle de convivência, os dois companheiros. Então, ele criava um cães [sic] e este animal só acompanhava ele. Aonde visse aquele cães [sic] é porque ele estava ali. Se não tivesse ninguém via. Um ano o companheiro baixou e ele ficou. Ele já vinha doente há dias. Aí deu de sorte dele morrer. O companheiro estava viajando. De lá para cá. Aí ele sozinho, o movimento era acolá embaixo, no Bom Jardim. O cachorrinho chegou lá, latindo, fazendo aquele clamor. Aí o gerente olhou por ali, procurou e ele não tava ali. Aí ele disse: Olha, vai lá no Geraldo. Esse cachorro não anda só. Os rapais [sic] tomaram o carreador, o cachorrinho passou na frente e sumiu. Quando eles chegaram, o cachorrinho estava deitado debaixo da rede. Ai, fizeram o enterro dele e voltaram lá e falaram que o homem tava morto. Fizeram o enterro dele, justamente onde hoje é colocada esta igrejinha aqui. Foi a primeira que foi feita. O companheiro dele chegou. Ficou muito sentido porque tinham vindo junto pra esta região. Ficou pensativo, pensativo naquilo. Vela naquele tempo era coisa que, quando morria uma pessoa, o camarada acendia uma candeia, se tivesse na hora. Ele vai, quebra um ramo de mato, chego [sic] e disse: Ó meu amigo Geraldo. Eu nada tenho para lhe ofertar. Vou lhe ofertar este galho de mato, como que seja uma vela. Pegou e enfiou. Ele ficou trabalhando, descompreendido [sic], mas trabalhando. Já tinha gasto o dinheiro do ano, então não podia ir embora, né? Então ele foi dando fé que aquela árvore que ele colocou ali, aquele galho de mato, não muchou [sic], nada. Ele ficou prestando atenção, naquilo ali, né? Aí aquilo pegou e foi se formando aquela árvore bonita. Quanto todo mundo chegava: Mas que árvore bonita na sepultura do Geraldo. Ele dizia: É bonita. Quando ela já estava da grossura de uma latinha de Skol [sic], o companheiro dele adoece. Foi para Manaus. Chegou em Manaus e tratou-se. O médico deu um rolo de remédio. Chegou aqui e o remédio não resolveu nada. Ele baixou novamente. Pra encurtar a conversa, ele baixou três veis [sic] em seguida. Naquele tempo, tudo era difícil, para o camarada sair daqui pra Manaus. Só para pegar condução aqui, no verão, o camarada tinha que andar uma semana. Pegar lá na cachoeira de Samuel. Aí ele foi, ficou olhando pra árvore e pensou: A árvore do Geraldo tinha alguma autoridade, porque todo mundo chamava ele de finado. Ele só chamava o nome mesmo, Geraldo. Ele nunca chamou. Só chamava Geraldo mesmo. O pessoal dizia: Mas rapaz... Ele dizia: Mas eu não me acostumo chamar finado. Eu chamo é Geraldo. Aí ele foi pensou que aquela árvore tinha alguma autoridade. Ele chegou no pé da árvore, ele se benzeu, contou a história dele pro Geraldo e pediu nove folhas para fazer um chá. Quebrou nove folhinhas. Botou a água para ferver, botou aquelas folhinhas dentro de um copo, botou a água quente e abafou. Quando aquilo esfriou ele tomou. Aí, quando foi de manhã ele sentiu que o sombrante [sic] dele estava diferente. Já não tava sentindo certas coisas. Aí ele continuou. Todo dia ele pedia e fazia o chá. Tomou trinta dias. Ficou bom. Encostou os remédios do médico, ficou tomando só aquilo ali."

Fonte: Dissertação de Mestrado e Pós Graduação em Geografia de Edson Cavalari - UNIR Porto Velho 2017.
Clique aqui e conheça a obra completa do autor: São Geraldo Seringueiro